O sabor do assobio, de nos deixarmos ir à subtileza de uma porta e debruçarmos o dedo sobre uma campainha, a porta a abrir-se e estenderem-se umas mãos e um sorriso para nos auxiliar. O sabor do suor a escorrer-me nas costas enquanto risco a atmosfera de ar meu. Não tenho medo, nunca, nunca....
Nunca seria loucura ir atrás de algo que nunca tive, ir atrás de sons, cores, pessoas, palavras, folhas, ondas, peles, terras, ir atrás de sofrimento e peso dum peso.
Correr atrás do quente pois aqui está frio, as minhas mãos húmidas e fracas.
Na rua vagueio com o meu passo ligeiro e vejo a minha irmã ao fundo da rua, brincando com a sua travessura...vejo o senhor sentado ao frio, por volta das 23:46, no canto da escadaria à espera da sua morte que nunca mais lhe bate à porta...a minha querida e amada mãe de que mais orgulho tenho e mais tenho, a chegar a casa cansada e derrubada do duro trabalho que tem, para arcar com dois filhos onde o pai nunca esteve perto, mas que muito nos ama.
As fotografias mudam e as molduras mantêm-se as mesmas...
Repleto de doenças e ruindade...esta terra seca e que muda de cor todos os dias...
Nas veias corre-me sangue... mas por vezes....
A raiva e a fúria descontrolam-me o olhar e os movimentos...
a minha cabeça...
tudo passa a strobos e em flashes tudo é pedra e tudo eu destruo-o...
Apetece-me cuspir em cima de tudo e tirar o tapete debaixo da porta e sacudir as poeiras para cima do chão e pisar como se não existi-se amanhã.
***
Não consigo dormir, tudo é pesado e tudo me chama a atenção. O descontrolo é tanto que o corpo não para de me consumir a água que tenho, o coração bate e rebate, correndo atrás da quietude.
Na cabeça...
Cores, imagens, sonhos, tristezas, medos, arrepios...
***
Nos meus lábios:
Meu Deus...se estás aí dá-me só uma pequena luz...o descontrolo anda me a subir à essência e a vontade de querer devastar começa a ser a minha sede. Quero água da chuva para beber, e maravilhas para descobrir. No meu mundo não há a tristeza que encontro quando venho cá abaixo à Terra. No meu mundo a as sementes são o meu sabor e o meu alimento, e tu ensinas-me a criar o gado e a seu a tua ovelha. Aqui neste Mundo querem quebrar as correntes que tenho. As correntes da liberdade. Querem-me libertar para a ruindade e para a ganancia"Só eu sei, e tenho a certeza que as minhas pegadas aqui vão ser curtas. Mas a Natureza do Homem perante a Natureza é assim...irá sempre contra Ela.
Um pássaro vem a esvoaçar, o Homem vai aniquilá-lo.
Um Homem cai no chão , ninguém o vamos apanhar...
A criança quer falar, o Homem nós vamos lhe bater.
***
Sagradas paredes que seguram o Mundo, paredes negras e profundas onde o infinito procura encostar-se...As estáveis órbitas que nos vão segurando, os magnetismos que nos vão orientando...a tristeza que vão criando ao longo do chão onde foram enterrados Homens que a Vida deram por nós...
O meu sabor pela loucura, fervilha e estremece-me como uma pedra caída num poço. O verbo querer é o verbo mais dito na minha cabeça, com respeito e equilíbrio...
Todos os sabores que me correm nas veias, são sementes que me corroem...Sementes...
6 comentários:
"....com respeito e equilibrio....."estas palavras andam há cerca de uma semana a martelar na minha cabeça, tenho alturas em que penso que é impossível as duas coexistirem e no entanto chego aqui e consigo ter as duas ao mesmo tempo enquanto vou lendo e saboreando o que escreves que me dá uma força incrivel para não baixar os braços...obrigada meu principe das marés ;) beijããããão
Obrigado pelo teu comentário :D
Como me convidaste a visitar o teu blog, eu aceitei o teu desafio e digo-te já que adorei :3
Tens aqui um blog muito interessante, vou passar a seguir!
E gostei muitissímo deste post :D
antes do mais quero agradecer-te pelo convite em visitar o teu blog porque, honestamente, adoro os teus textos :D
já aderi ;)
claudiaaa..es demasis
ainda bem amiga alexandraaa
am..es sempre em vindaa
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