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quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Folhas Soltas#4

Riu para não chorar tais passadas do tempo que não poso voltar a trás. Sigo os passos do meu amigo, para a Terra de Ninguém, sinto o ar fresco do sítio onde vou morar. Talvez folhas soltas, talvez cinzas, mas o certo é que a Orientação e a Frescura deste meu sítio me vão inspirar....
Ontem, fui...
Hoje sou...
Alguém...
Amanha?
Só me apetece ficar, para trás como uma criança contemplada no carro vermelho que passava horas a brincar....
Custa a passar....
Sem aquela cor castanha do seu olhar e o embrulhado dos cabelos dela no meu rosto...
Estes passos...estes sonhos...

Uma mulher bonita assim..o que quer de mim?

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Folhas Soltas #3

Hoje as folhas foram soltas por ventos...
***
Quando eu for criança quero quero ter o poder de criar e controlar a Natureza, controlar os quatro elementos da Natureza e viver para sempre...
***
Os meus pensamentos por vezes perdem-se por contas de mais e menos, perdem-se por pensar demais e pensar que penso demasiado no que ando a pensar e depois quando devo pensar no real de estar com os pés na terra, penso que sou uma mera planta que nasce cresce e morre. Todo o tempo que está ali a observar o Mundo a desabar e a transformar-se, esta mesma planta apenas muda com ele. Pareço um pequeno barquinho de papel à deriva...
***
"Vai correr tudo bem..."
***
Foi o chá o meu aperto de mão esta tarde, foi o incenso  cheiro desta noite. 
***
 A Natureza é o meu Futuro

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Linda Cidade Mundo

Venham aqueles tempos laranjas. Tempos de cordas ao Sol, sentados na velha carrinha branca. Reduzirmos os nossos corpos à infinita pedrinha...a contemplar as chuvas de verão. A saudade daquela onda, daqueles tempos de um absurdo calor. Dias em que era tirado cada segundo para apreciar o sorriso dela e os seus cabelos.
Dias com a mãe e o pai e irmã a comer gelado como se nada fosse...
A vida é como uma nota música..
Soa bem e chama por mais
Ou Deus não me ouve ou então eu rezo baixinho....
Venham chuvas e calor tropical.
E lá vou eu rindo e vagueando pelas ruas como se a cidade brincasse comigo. Apreciando aquelas belas varandas e pequenos espaços verdes entre os cantos das cidades com beatas no chão.
Vou-me rindo ao olhar para o Sol e a Lua que lutam entre si para ver qual deles é mais bonito e qual deles é que me vai enfeitiçar esta noite.
Enquanto isso acontece no meu tecto chamado Céu, eu vou saboreando as luzes dos candeeiros no espaço. Sim as estrelas que me vão atirando flashes nos olhos e gozando com os meus pés tortos.
Bela Cidade..
Aqueles sábados chão por mim...sábados de praça cheia, sábados do povo de Igreja que vagueia com as suas preces e roupas de cetim. Sábados da bela volta no parque com um jasmim na mão. Um jasmim de calça de veludo branca, sandália castanha, colar até ao peito bem terra, blusa castanha escura e cabelos rasgando o ar impróprio para consumo. Lábios carnudos e sei lá mais o quê...
Sábados de gozar com a noite e o dia e deitar-me tarde à luz das velas e ao sabor de um chá de Marrocos.
Que bela cidade a minha, Cidade chamada Mundo...
Bola verde e azul pintada por um pintor que nunca ninguém o viu, outros nunca o iram ver pois Nele não acreditam, outros já viram em forma de pessoa, outros dizem que viram mas...
esquece....
Dias de quarto ao som duma rumba e laranjas e castanhos terra com verde e platina...
Flautas e pianos...shakeres e baixos bem grovados.
Quero...
Engolir terra e espirra sabedoria...Soprar e dançar aos olhos do macaco que veio da Baiha e me espera no canto enquanto a D. Maria cozinha aquela comida vegetariana para nós. Cozinha Quiabos e Lombi misturado com Pirão e pão de milho.
Sai daqui Macaco barrigudo....
Fala a D.Maria com a sua colher de pau na mão enquanto a panela deita água de fora e o macaco lhe deita a língua de fora.
Aquele meu pai...estranha pessoa calada e sábia...
Fala quando o ar menos espera ser respirado, acerta na muche e eis o Pedaço de Arte.
Aquele rapaz chamado Filipe, com o seu cigarro não mão rindo com os seus dentes brancos. Rindo com os seus olhos vidrados na pintura que irá pintar. Ele espera o momento certo...
Eis outro Pedaço de Arte...
E lá vem ela outra vez....vestido verde, e bege de alças....com a sua sandália castanha...sorrindo e parando o trânsito...
Oh chuvas de Verão...dão-me tantas saudades daqueles Invernos de chuvas frias e Primaveras onde fico a espirrar com o desabrochar do pó das plantas.
Aquele soldadinho sem uma perna que o rapazito leva na mão faz-me lembrar os meus velhos tempos de criança que sem ninguém me ver, os repito no meu quarto vendo os desenhos animados e rindo das macacadas.

"Á noite, aquele incenso chamando por nós dois em mais uma noite longa de risada no café da praia....Chama por corpos tontos"
Chama por um suspirar....
Viagens meticulosas aos domingos com trânsito à caça de estacionamento e lugar para bem estar para apreciar e a consolar o nada.
Dias de abrir as mãos até aos ossos ao som dos tambores falantes.
Para quê chorar? O Não posso nunca mais dizer que ... água mole em pedra dura tanto bate até que fura....

domingo, 17 de janeiro de 2010

Vida vai...Vida vem...

Vidas vão, vidas vêem.
A lei mais Universal da vida e que ninguém pode fugir a ela. A Lei que não qualquer Ciência, Metafísica ou Filosofia que explique. A Lei que desde o Rico ao pobre, branco ao negro, o honesto e o ganancioso…Todos vamos de ter de obedecer a essa mesma Lei.
Somos tão desequilibrados na nossa vida que se pararmos um pouco para pensar, é rara a vez que damos graças por estarmos vivos e por termos olhos, boca, ouvidos, braços e sentimentos. Quando alguma coisa acontece ou alguém morre ficamos logo com um fim do mundo na nossa Vida, esquecendo que é a Lei Natural da Vida. Mesmo que a sua vida tenha sido tirada por outra pessoa…
É a Lei…
A semente foi plantada na Terra com uma missão. Por vezes nós curvamos a Vida numa esquina e quando olhamos para trás nem sabemos qual a nossa missão, mas o destino foi fazer essa mesma Vida e missão.
Quando pisamos a terra e a areia, tocamos na água do mar e cheiramos o ar puro que emerge do Universo, nunca pensamos que estas coisas possam acontecer, mas a realidade é que a terra que estamos a pisar pode ter sido cenário de guerra ou de alguém que está ali fisicamente transformado em terra. Pode ser macabro eu sei, mas só estou a tentar mostrar o lado positivo e o lado que mais lógica tem.
Da Terra vimos e da Terra nos vamos transformar…
Afinal nós somos Natureza, e com ela interagimos, por isso é que quando estamos num ambiente de Natureza Mística nos sentimos em Paz e Plenitude. Pois é Dela que vimos e é a Ela que vamos pertencer.
Suas cores e seus cheiros, seus frutos, seus animais e sons. O Próprio fogo devidamente controlado no meio da Natureza dá-nos uma Luz tão forte que só dá vontade de adormecer sobre pétalas de Girassol, soprar tornados no meio da poeira, tomar banhos de lama e transformarmo-nos em ar e ouvir ao pormenor todos os sons que Ela nos canta. Fazer parte da Natureza é algo que eu aprecio bastante. É o equilíbrio máximo, é a Vida no caminho certo.
Como a Lei que eu já falei em cima, a Natureza nasce, desenvolve-se, dá os seus frutos e em terra se transforma dando assim um novo espaço a seres vivos, alimento para plantas, novos sons e novas cores.
Vida que é bombeada em cada veia e artéria nossa. Vida mais rica que qualquer milímetro de Urânio ou Ouro. Vida com o som de dois beats do coração. Vida que nos dá a possibilidade de ir debaixo da água e aguentar muito tempo. Vida que nos permite quebrar metas a correr a alta velocidade. Vida que nos injecta adrenalina e nos permite fazer os supostos impossíveis. Vida que nos permite dançar ao som de sons igualmente compostos por nós. Vida que nos permite sentir quente e frio. Vida que permite que nós possamos beber chás de plantas cuidadosamente colhidas. Vida de Texturas e Linhas cruzadas como as cordas de uma “Kora”. Uma Vida que nos permite rir e dar frutos parecidos connosco.


Vida matematicamente impossível mas divinamente oferecida
(Um texto escrito em memória da maravilhosa mulher, Paulina Polonga. Morreu hoje (17-01-2010) ás 4 da manhã na África do Sul. Levou sempre um vida trabalhadora. Uma Vida de campo onde comia o que cultivava. Um sangue que também a mim me pertence. A Lei foi colocada e sua hora chegou. Escrevo isto de sorriso na cara e uma lágrima a bater à porta do olho direito.)
Descansa em Páz Avó Polonga

Meu Baú de Memórias

De repente apoderou-se de mim uma espécie de nostalgia, tão forte esse sentimento, tão lindas as imagens que guardava em fotografias. Fotografias essas pregadas na minha cabeça como pequenas prateleiras cheias de pó de um quarto desarrumado mas não esquecido. Perdi-me neste dia em memórias que me conheciam de todo.
Óh Meu Baú de Memórias
Olhei para mim como se fosse o meu pequeno anjinho da guarda…
Saudades daquele menino negro de 5 anos, gordinho e engraçado. Rindo e piscando o olho a todas as mulheres que passavam. Saudades daqueles ovos “Kinder” que a minha querida mãe me dava, aqueles passeios no parque. Aquele Mundo que eu via e imaginava como se cada continente fosse na porta ao lado, cada praia e cultura fosse no quarteirão a seguir à minha casa. Aquele meu sorriso traquina atrás das saias da minha mãe e o meu olhar e sentimento de olhar para a rua e contar os carros azuis e vermelhos que passavam.
Bons tempos de me perder em construções avançadas de “Legos”, e viajar entre Heróis e Vilões. Tempos em que nem eu fazia ideia o que era um relógio, mas eram tempos em que gostava de ficar a olhar para baixo, do meu 11º andar, e ver a movimentação das pessoas e pensar o que é que elas estavam a pensar.
Nostalgias de um menino que imaginava a Terra verde e azul segurada pelas mãos de Deus e em que tudo girava nossa volta. Adormecer em todos os cantos em que parava: café, carro, escadas da rua…
Falar para mim e a mim próprio responder…
Aqueles finais de tarde à espera do meu Pai vir das obras cheio de tinta branca e bege ainda fresca e sujar-me as orelhas com as suas mordidelas e beijos…
Perdido em Livros com da Bíblia e Calvin and Hobbes quando ainda nem sequer sabia Ler mas aqueles Livros me aqueciam a minha inocente alma. Ir ao Bairro mais próximo pedir sempre os meus seis papessecos quentes e chorar sempre para a padeira para me dar mais um bem quente e com queijo para ir comer pelo caminho. Passar sempre pelos “cotas” da tasca fumando o belo do seu cigarro enquanto os céus discutiam as cores do final do dia e eu  harmonizava isto tudo com o meu assobio limpo e bem afinado
Chamavam-me o Menino Assobios….
Irritar a minha mãe com os paus da comida chinesa, com as minhas batucadas ainda um pouco fora do tempo mas já com solos, principio e fim. Gozar os meus dias com os outros meninos da rua, chamarem-me “vira-lata” e eu dizer “o cão ladra e a caravana passa!”.
Acordar às sete da manhã e viajar na minha varanda com um sol laranja incandescente puxado pela noite que passara.
Conseguir ir para a escola sozinho e cumprimentando todas as pessoas com sorrisos e “olás”…
Ir ao Supermercado pedir uma encomenda para a minha mãe e pedir sempre uma fatia de queijo do dia para ver se era melhor que a do dia anterior. Aqueles passinhos do Iúri pequenos e perdidos numas sapatilhas que o meu primo me dera. Aquelas minhas roupas largas que os meus amigos já não usavam e que eu amava pelo simples facto de serem deles. Os meus banhos sempre demorados com o meu pai e sempre à espera que me crescesse os pelos da barba para me sentir um homenzinho.
Os desabafos da minha mãe parra comigo enquanto me dava o sono e a baba me escorriam pelo canto da boca do cansaço do meu dia “agitado”…
As brincadeiras com os amigos da escola do “toca e foge”.

As minhas perguntas a Deus:
Será que Tu és branco ou preto como eu?
O meu cabelo rebelde mas sempre penteado à força nos domingos de missa.
As “batucadas” na barriga do meu avô Pacheco que Deus o tem em descanso, as brincadeiras com a avó Lucília atrás dos patos e a sabedoria do meu tio Tozé sobre a pintura e arte.
Ver o Mundo como se o Mal não existisse, através de uma chama de poucos anos de Vida e que sonhava ser um sonhador. Raízes duras no meu corpo e alma que me tornaram na pessoa que sou hoje e me fizeram neste dia de chá de Mel e Camomila, com 0º negativos, muita neve e uma música, perder-me em memórias de um pequeno trovador, cantando e balançando a sua cabecinha ainda mal formada mas já cheia de ideias e planos para o futuro. Planos de carreira, não de um bom trabalhador ou pai, mas sim uma pessoa que ajudasse e vive-se para ajudar os amigos, família e todos aqueles que aparecessem na minha vida.
As palavras da minha mãe, pai…
Os gestos da Natureza para comigo…
As coisas que via e não conseguia explicar…
As minhas memorias de uma cidade amarela e azul cyan…com arquitectura simples e que me empurrava para passear nela.
Faziam me acordar aos sábados de manha para ir à praça comprar amendoins e pistácios. Comprava um pão de dois dias, um pão já duro para dar aos patos que passeavam no lago do parque.
As tardes perdidas no café da D. Fernanda a ajudá-la a arrumar o café e a limpar a loiça.
As minhas terças e quintas ao final de tarde na piscina com o professor Vasconcelos a dizer:
Hey Iuuu….vamos nadar oh Tubarão!
Tantos risos inconscientes de um rapazinho que jurava a pés juntos que todo o Mundo era bom…De um Mundo que nunca na vida iria conspirar contra alguém…
Os meus desenhos em folhas de papel ajudados pela minha mãe e adormecer no colo do meu pai ao som do seu ressonar.
Os beijos na boca do meu cão “Max” e os meus desabafos com ele. Eu sabia que ele não me respondia, mas ao menos ouvia….
As minhas tentativas de fazer o pino ou a roda…falhei sempre mas a energia era tanta na minha alma que tinha que a depositar em alguma coisa. A minha viajem ao Algarve quando calhou um prémio de 100 contos à minha mãe no totoloto.
Que fortuna…
As minhas primeiras passadas na música com os ritmos básicos e tremidos com as mãos.
A minha infância vista de um rapaz agora crescido mas com sorrisos dos meus belos e velhos quadros arrumados no meu quarto cheio de pó. Um quarto que anda sempre comigo dentro da cabeça…
Um Baú desorganizado mas nunca esquecido.
As minhas memórias sem ouro e prata mas sentindo que era (e sou), o menino mais rico do mundo, onde na minha lancheira da escola levava uma sandes e uma mensagem de Paz e Amor.

Viajens a Chuva...

Hoje levanto-me. Ergo-me sobre grandes quedas de neve e frio. A gula e a preguiça fogem como se algo temessem. Meu corpo, grande e firme deita para fora um tremor e com ele fecho os olhos.
Eu canto…
Eu canto…
Eu Rezo…
Eu Falo…
Sobre prados verdes eu caminho como a ovelha à procura do seu pão de ervas. Caminho à vontade das palavras que por Deus me são segredadas ao ouvido. Da sua palavra não temo.
Venham prados verdes e seus frutos.
Venham aquelas cantigas que outrora foram cantadas e ditas no Livro das Profecias. No Livro em que os é segredado a todo o Mundo as Palavras do Leão.
O Livro em que os Salmos são cantados sobre cornetas e tambores. Onde ao serem cantados se abre os portões para um novo estado de Mente e de espaço. Um sítio em que as constelações mudam constantemente e onde corre um rio sobre campos e montanhas. Onde a Casa onde todos vivemos é coberta de flores e o Amor é prefeito. Um sítio onde a sabedoria das ervas e sementes é usada e passada para o nosso vizinho.

Vou à rua e dou uns passos. Tudo é cinzento mas nada me desagrada. Para uns uma paranóia, para outros nada, para mim Natureza e os seus feitos. Canteiros de água em forma de poças.
Água vinda dos céus?
Qual é o outro Universo em que existe tal maravilha?
Maravilha passada à insignificância para os cegos que só vêem o ouro e o titânio.
Água vinda dos céus?
Aqui a água é sugada e deitada fora. No deserto é sugada e chorada por mais.

O sol todo molhado e frio consegue subir a uma nuvem e dizer “Olá”. Infelizmente ninguém o ouve nem ninguém repara nele. Caras tristes e deprimentes. Mentes fechadas sobre o dinheiro e o tempo que passa. As correrias atrás de fumaças de veículos. O movimento da Urbanização sobre rodas e carris. O movimento sobre veios eléctricos e asas. Tanto movimento e pouca alma. Metal roubado das pedras. O plástico do seio da terra e petróleo.
Mais uma vez vou dando uns passos e tento passar-me despercebido do mundo que me rodeia. O mundo responde-me com duas chapadas de torrencial chuva e ar. Empurra-me para a margem de um rio e abre-me as pálpebras para ver a arca escondida no fim do arco-íris. A chuva molha-me de tal maneira que já nem me importo, pois tal maravilha é para ser contemplada.
As leis de Deus são por mim usadas e guardadas. São cuidadosamente dissolvidas num chá de espiritualismo e Meditação.
Que mais posso dizer?
Foi atirado fogo sobre as torres gémeas. Foi desencadeada a Guerra no Iraque. Foi exterminada noventa e cinco da raça indígena. Foi exterminado o pulmão da Amazónia. Foram escravizados os meus conterrâneos em África.
A Vida é real e o fogo quente. Fogo que no Livro das profecias promete cair sobre aqueles que seguem Leis humanas. Leis de competição e de corrupção.
Vejo o Sol de braços cruzados com as cores do céu. Cores do céu batalhando para ver qual delas permanece até ao fim.
Querem-me atirar para um Mundo de hienas e canibais. Querem cobrir o meu coiro com aço e pele de animal em forma de chicote. A única coisa que eu tenho que carregar às costas é a cruz que Deus me deu. Carregar o Sol que me foi dado nesta manhã.
O Sol que é gritado por mim e desenhado por órbitas celestiais de outros planetas e Luas.

Abro os olhos para a fúria, velocidade e caminho que me foi dado. Nada vou dizer pois quem diz nunca faz. Vou me calar e subir à árvore chamada Vida.
Não vale a pena lançar dados à vida pois ela já está escrita na nossa menina dos olhos. Escrita em forma circular como um ciclo que tem um princípio e um fim. Abro os portões sem sento-me à porta.
Eu canto…
Eu canto…
Eu Rezo…
Eu Falo…
Canteiros de águas que caiem dos céus, dignos de serem vistos, sentidos e não de serem ignorados ou escondidos. Digam às crianças de que precisam as árvores. Digam às crianças as Leis e a Verdade. Ofereçam a elas como a mim me foi oferecido um Livrinho de Desejos. Onde honestamente e conscientemente as nossas palavras, pensamentos, desejos e sonhos são colocados. Palavras que vão ser imortalizadas em carvão e papel, seram absorvidas pelo consciente e enviadas para um Universo próprio onde habita o âmbar e um banco. O âmbar será a pedra onde iremos trabalhar o Desejo e o Sonho, e o banco onde nos iremos sentar a contemplara nossa arte.
Viajei sobre raças poderosas e árvores infinitas de altura. Mas fui parar a um mato a arder. Nele entrei mas nele não me queimei. Soprei uma borboleta e o seu bater de asas apagou o fogo e criou uma nova paisagem onde cascatas caiam em poças rodeadas de colibris.
Foi me dada uma ordem de deus para olhar para os Céus e ver a arca onde todos estavam a salvo da tempestade causada pela desordem Humana. Uma menina loira e de olhos de tigre agarrou num pincel e molhou-o num pigmento castanho e pintou no espaço umas escadas para eu subir. Não pensei duas vezes….
Ao som de uma melódica contemplei a segurança daquela arca.
A frase do porão dizia tudo…

O Amor é a coisa mais principal da Vida…
A direcção da Arca era indefinida…mas nela estava a salvo. Luz, prosperidade e sabedoria dos aniões era os nossos ensinamentos. Sobre colinas e montanhas passamos e no nosso rasto pétalas de Coroas Imperiais eram largadas.


Quando meti o chá à boca tudo isto se resumiu a uma gota de água que caíra na minha testa e deslizou até ao meu nariz em forma de lágrima. Da janela do quarto apreciei o meu barquinho dentro de uma garrafa e a chuva que caíra sobre o vidro partido .