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domingo, 2 de outubro de 2011

Variações de um Rebelde #38 Castanho


Esta é a cor da minha pele. É a cor que pinta o meu corpo, o meu rosto, é a cor dos meus olhos e dos meus grossos cabelos.
Castanho é o nome do velho rei sem coroa que se sentou à espera de fruta e o tempo nunca lhe trouxe. É a cor das áridas pedras das muralhas e a cor natural do Outono.
Castanho é a cor da pobreza rica em grãos, sementes, missangas, frutas, areia, feijão, grão…
É a cor do tempo que pirraça e anseia por chuvas de Inverno…
Castanho…
Castanho escuro, castanho claro, beije. Da cor mão vem o vermelho, cor da Paixão, vem o loiro cor da Sedução. Laranja, cor da alegria, amarelo, a cor do Sol.
Nos cabelos dela há uma tela de mil castanhos espalhados dos quais eu nem sei o nome.
Cor do incenso, ouro e mirra que outrora os Reis Magos entregaram a Jesus nascido. A cor do vasto deserto.
É a cor do Samba e do Bolero. Cor da Rumba Porto-Riquenha e da Bossa-Nova. É a cor da morna Cabo-verdiana e dos instrumentos dos velhos músicos Afro-Cubanos.
Cor da Cruz…Cor do cântico da Ave-maria.
É a cor das casca grossa das mangueiras e dos coqueiros.
Cor do velho violão que soa e canta as rezas á volta da fogueira. Castanho é a cor do Destino.
Chocolate, Café, Avelã e Noz
É a cor do meu corar quando ela me acaricia.
Castanho é a cor dos velhos povos aniquilados pelos Colonizadores. É a cor da Música e do Chá. Cor da incerteza e da Revolta entre o leite branco e o Café…
Do pó e da Lama…

Cor do redondo seio quando descansa. Cor do Mistério e dos campos após a Guerra. É a cor de Marte e do gigante Júpiter. Cor das palavras e do Adeus. É o tom do meu Sentimento e do balanço da alegria. Cor da queda do dia e do início da Noite. É a cor da queda de Impérios e dos diamantes brutos e outras pedras mágicas que vêem o futuro nas mãos do velho Umbanda
Castanho é a cor da voz de Cesária Évora e da Mayra Andrade, cor da escrita de Alberto Caeiro.
Cor dos sabores dos pratos da minha Mãe e do tempero do meu Pai…
Cor do meu palco de sonhos e do meu Altar.
É a cor de Argila que cobre o meu olhar quando foges das minhas mãos enquanto te moldo.
Cor dos Efeitos e da Magia. Do murmurinho das Orações. Desta cor nasceu as pirâmides do Egipto e dos Incas. Desta nasceu o som dos três surdos Brasileiros, dos Palancas e das minhas cicatrizes. Do meu secreto esconderijo quando algo conspira contra mim.
É a cor que equilibra qualquer outra cor quando se encontra sozinha.
Cor de África, Índia, Equador, Abissínia e Tibete…Brasil, Indonésia e Cuba.
Cor do meu papel e do lápis que eu nele escrevo…

2 comentários:

Cláudia F disse...

Adorei....simplesmente delicioso
Beijo meu principe e continua a aproveitar toda a inspiração que essa terra te pode dar

Unknown disse...

Mais uma vez uma escrita fantástica e fascinante!! Parabéns pelo post, sei que te diz muito! Vou te deixar aqui um pequeno texto que escrevi e não cheguei a partilhar com ninguém.. partilho-o agora ctg! O ceu ficou escuro e o chao tremeu, corri ate ao fim do mundo mas nao encontrei respostas, a raiva era muita e a desilusao iminente no meu pensamento quando te entregas com tudo, também sofres com tudo, e a culpa, essa é só tua! queria me cansar ate conseguir deixar de pensar. mas a insegurança nao me deixava, e torturava-me a cada passo que dava, exausto parei fiquei ali imovel e ofegante e o vento agitava tudo á minha volta num rodopiar incansavel tentava mostrar-me a verdade... mas a raiva era cega cega!! e a historia repetia-se... E já agora se tiverem um tempinho visitem www.naturalmentedn.blogspot.com