Ora hoje são...

Este blog possui atualmente:
Comentários em Artigos!
Widget UsuárioCompulsivo

Pesquisar neste blogue

sábado, 8 de outubro de 2011

Fibra Humana #1

"Somos seres complexos e imprevisíveis, em que a nossa inteligência nos fez compreender para além das limitações. Só assim é que transformamos Pedra em Castelos, Ervas e Flores em Perfumes e o Veneno em na Cura." - Iuri Oliveira

domingo, 2 de outubro de 2011

Variações de um Rebelde #38 Castanho


Esta é a cor da minha pele. É a cor que pinta o meu corpo, o meu rosto, é a cor dos meus olhos e dos meus grossos cabelos.
Castanho é o nome do velho rei sem coroa que se sentou à espera de fruta e o tempo nunca lhe trouxe. É a cor das áridas pedras das muralhas e a cor natural do Outono.
Castanho é a cor da pobreza rica em grãos, sementes, missangas, frutas, areia, feijão, grão…
É a cor do tempo que pirraça e anseia por chuvas de Inverno…
Castanho…
Castanho escuro, castanho claro, beije. Da cor mão vem o vermelho, cor da Paixão, vem o loiro cor da Sedução. Laranja, cor da alegria, amarelo, a cor do Sol.
Nos cabelos dela há uma tela de mil castanhos espalhados dos quais eu nem sei o nome.
Cor do incenso, ouro e mirra que outrora os Reis Magos entregaram a Jesus nascido. A cor do vasto deserto.
É a cor do Samba e do Bolero. Cor da Rumba Porto-Riquenha e da Bossa-Nova. É a cor da morna Cabo-verdiana e dos instrumentos dos velhos músicos Afro-Cubanos.
Cor da Cruz…Cor do cântico da Ave-maria.
É a cor das casca grossa das mangueiras e dos coqueiros.
Cor do velho violão que soa e canta as rezas á volta da fogueira. Castanho é a cor do Destino.
Chocolate, Café, Avelã e Noz
É a cor do meu corar quando ela me acaricia.
Castanho é a cor dos velhos povos aniquilados pelos Colonizadores. É a cor da Música e do Chá. Cor da incerteza e da Revolta entre o leite branco e o Café…
Do pó e da Lama…

Cor do redondo seio quando descansa. Cor do Mistério e dos campos após a Guerra. É a cor de Marte e do gigante Júpiter. Cor das palavras e do Adeus. É o tom do meu Sentimento e do balanço da alegria. Cor da queda do dia e do início da Noite. É a cor da queda de Impérios e dos diamantes brutos e outras pedras mágicas que vêem o futuro nas mãos do velho Umbanda
Castanho é a cor da voz de Cesária Évora e da Mayra Andrade, cor da escrita de Alberto Caeiro.
Cor dos sabores dos pratos da minha Mãe e do tempero do meu Pai…
Cor do meu palco de sonhos e do meu Altar.
É a cor de Argila que cobre o meu olhar quando foges das minhas mãos enquanto te moldo.
Cor dos Efeitos e da Magia. Do murmurinho das Orações. Desta cor nasceu as pirâmides do Egipto e dos Incas. Desta nasceu o som dos três surdos Brasileiros, dos Palancas e das minhas cicatrizes. Do meu secreto esconderijo quando algo conspira contra mim.
É a cor que equilibra qualquer outra cor quando se encontra sozinha.
Cor de África, Índia, Equador, Abissínia e Tibete…Brasil, Indonésia e Cuba.
Cor do meu papel e do lápis que eu nele escrevo…

sábado, 1 de outubro de 2011

Variações de um Rebelde #37 Cidade de Deus

“Se olhares para a energia de outra Cidade admirável…multiplica por dois”
É inquestionável tal beleza, tal tamanho e simplicidade, tudo junto num só território onde se respira admiração. Neste espaço verde, atravessam caminhos de terra batida vermelha em que as margens são calçadas de gerebéras. A relva espelha a vontade da brisa do vento que ousa por vezes refrescar as cores e o sagrado espaço. À medida que se vai chegando mais perto do centro , vê-se arcos em tijolo de burro suspensos por grandes pilares desenhados com imagens aleatórias de todas as forças que invadem o Planeta.
Fogo, Ar, Terra, Água, Sol, Lua, Pó…
Ao entrar no centro do átrio principal, a Cópula erguida por dez pilares…Em volta desta, apenas pequenas casas de telhado laranja e rodeadas de Natureza, envolvem o lindo monumento que caracteriza a Cidade.
“A cidade onde a palavra Utopia jamais será usada. Cidade onde até o Fogo refresca e onde podemos tocar no Sol”
É nos tons de branco, beije, castanho escuro, Azul,. Laranja torrado, Verde Terra, que a Cidade se rege como vestes do Povo.
Velas e pequenas rochas, acompanham os estreitos caminhos por esta Cidadela. Todos fazem algo em troca de um sorriso, são olhares bonitos de tal forma que a própria inveja se transforma em gargalhadas difíceis de evitar.
As virtudes de um Homem podem ser semeadas em campos férteis e  dar frutos mágicos para se comer.
O cheiro da Metrópole é seco e suave…como o cheiro da chuva quando embate na terra…
O chilrear dos pássaros invoca a vontade de admirar as grandes trepadeiras que cobrem as casas e os caminhos. As cores todas são a mais perfeita mistura que jamais um pinto gostaria de ter na sua tela, pastosas e misturadas com água são a textura e a aguarela indicada para a ousadia da Perfeição.
As frutas e aromas são o fresco da Nação.
Tudo é espantoso ao ponto de se dançar à Lua e dar graças ao Sol…tudo se faz como se fossemos contemplados.
Da privada biblioteca do Velho Mágico, saem folhas soltas para darem cor ao transparente vento que vagueia. Da Cidade, desabrocha cascatas vindas dos quatro Oceanos que alimentam a Rebeldia dos Rios.
Por baixo da Cópula, um átrio de espelhos, ergue-se e faz frente ao infinito Céu
“Uma sala de espelhos”
Neste mesmo átrio, Mil-Homens gritam silêncios que se fazem ecoar por infinitos quilómetros.
Tais Cidades Megalómanas de Reis e Imperadores de todos os cantos do Mundo são obrigados a ajoelhar-se e a tirar as coroas com cortesia face a este altar.
“À mão de Deus, ninguém A pode culpar … e quem o tentar fazer terá a Sua ira”
Ao por do Sol dá-se a oração de agradecimento e no amanhecer boceja-se um dia ao Planeta.
“…sim meu caro mano, esta terra é para todos vivermos juntos e felizes…” Quintas 2011 9 20
Quem semear sonhos, colhe alegrias e é entre as brechas das alegrias que também há espaço para o silêncio, tristeza e para o soar de quatro acordes do piano…há espaço para o dia chorar e de tudo abrandar.
Há tempo para o orgasmo do silêncio vir à flor da pele, baixarmos o queixo e desavirmo-nos encharcar desvanecermos no equilíbrio da balança…tempo para o pó se misturar na chuva, tempo para as lágrimas formarem poças, tempo para o frio fazer atear a chama, tempo para o som das ondas, levemente, consumirmos a alma e deixarmos tudo ir…
“De jardins a Canteiros de água, de tristes Homens a Estátuas de Heróis”
Todos os dias o coração bate, com ele é acompanhado uma energia quente cheia de coragem. Quando parei e contemplei este local, tudo serviu para me mostrar o quanto nós somos pequenos face ao grande Hércules. Ao mesmo tempo mostrou-me que nem sempre o grande peixe é que come o pequeno. Fez-me ver que há quem ainda acredite que, há quem ame, há quem viva com nada e do nada consiga fazer tudo.
Sou um rapaz que amo O Deus Natureza mais que qualquer coisa no Mundo. Sou um rapaz que amo mais que tudo aqueles que me saúdam…sou aquele que mais que ninguém gostava de conseguir carregar todas as coisas e pessoas que mais amo às costas e colocá-las neste local que é o meu repouso, o meu credo e o meu cubículo que a minha imaginação ousou criar para eu repousar.
Aqui estou, este sou eu…um eterno descontente e viajante…um eterno apaixonado por tudo o que faz colorir em frente à minha íris.
Sou Comandante do meu Navio com Porto já destinado mas o que deslumbra neste cruzeiro é as mil e uma correntes e marés que eu posso apanhar.
Não é simples nem fácil, mas também ninguém disse que o seria…crucial
Tenho Deus como chama de noite e como bússola de Dia
As minhas variações são inconstantes, são variações em plena fervura. Com o olho esquerdo vejo a realidade, com o olho direito vejo os meus sonhos…não seria loucura dizer que somos Um. Não tenho medo de nada e a Vida tem-me um sabor repleto de açúcar e sentimentos.
Particularmente, deu-me um gozo enorme escrever este capítulo…senti-me a voar.