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domingo, 17 de janeiro de 2010

Meu Baú de Memórias

De repente apoderou-se de mim uma espécie de nostalgia, tão forte esse sentimento, tão lindas as imagens que guardava em fotografias. Fotografias essas pregadas na minha cabeça como pequenas prateleiras cheias de pó de um quarto desarrumado mas não esquecido. Perdi-me neste dia em memórias que me conheciam de todo.
Óh Meu Baú de Memórias
Olhei para mim como se fosse o meu pequeno anjinho da guarda…
Saudades daquele menino negro de 5 anos, gordinho e engraçado. Rindo e piscando o olho a todas as mulheres que passavam. Saudades daqueles ovos “Kinder” que a minha querida mãe me dava, aqueles passeios no parque. Aquele Mundo que eu via e imaginava como se cada continente fosse na porta ao lado, cada praia e cultura fosse no quarteirão a seguir à minha casa. Aquele meu sorriso traquina atrás das saias da minha mãe e o meu olhar e sentimento de olhar para a rua e contar os carros azuis e vermelhos que passavam.
Bons tempos de me perder em construções avançadas de “Legos”, e viajar entre Heróis e Vilões. Tempos em que nem eu fazia ideia o que era um relógio, mas eram tempos em que gostava de ficar a olhar para baixo, do meu 11º andar, e ver a movimentação das pessoas e pensar o que é que elas estavam a pensar.
Nostalgias de um menino que imaginava a Terra verde e azul segurada pelas mãos de Deus e em que tudo girava nossa volta. Adormecer em todos os cantos em que parava: café, carro, escadas da rua…
Falar para mim e a mim próprio responder…
Aqueles finais de tarde à espera do meu Pai vir das obras cheio de tinta branca e bege ainda fresca e sujar-me as orelhas com as suas mordidelas e beijos…
Perdido em Livros com da Bíblia e Calvin and Hobbes quando ainda nem sequer sabia Ler mas aqueles Livros me aqueciam a minha inocente alma. Ir ao Bairro mais próximo pedir sempre os meus seis papessecos quentes e chorar sempre para a padeira para me dar mais um bem quente e com queijo para ir comer pelo caminho. Passar sempre pelos “cotas” da tasca fumando o belo do seu cigarro enquanto os céus discutiam as cores do final do dia e eu  harmonizava isto tudo com o meu assobio limpo e bem afinado
Chamavam-me o Menino Assobios….
Irritar a minha mãe com os paus da comida chinesa, com as minhas batucadas ainda um pouco fora do tempo mas já com solos, principio e fim. Gozar os meus dias com os outros meninos da rua, chamarem-me “vira-lata” e eu dizer “o cão ladra e a caravana passa!”.
Acordar às sete da manhã e viajar na minha varanda com um sol laranja incandescente puxado pela noite que passara.
Conseguir ir para a escola sozinho e cumprimentando todas as pessoas com sorrisos e “olás”…
Ir ao Supermercado pedir uma encomenda para a minha mãe e pedir sempre uma fatia de queijo do dia para ver se era melhor que a do dia anterior. Aqueles passinhos do Iúri pequenos e perdidos numas sapatilhas que o meu primo me dera. Aquelas minhas roupas largas que os meus amigos já não usavam e que eu amava pelo simples facto de serem deles. Os meus banhos sempre demorados com o meu pai e sempre à espera que me crescesse os pelos da barba para me sentir um homenzinho.
Os desabafos da minha mãe parra comigo enquanto me dava o sono e a baba me escorriam pelo canto da boca do cansaço do meu dia “agitado”…
As brincadeiras com os amigos da escola do “toca e foge”.

As minhas perguntas a Deus:
Será que Tu és branco ou preto como eu?
O meu cabelo rebelde mas sempre penteado à força nos domingos de missa.
As “batucadas” na barriga do meu avô Pacheco que Deus o tem em descanso, as brincadeiras com a avó Lucília atrás dos patos e a sabedoria do meu tio Tozé sobre a pintura e arte.
Ver o Mundo como se o Mal não existisse, através de uma chama de poucos anos de Vida e que sonhava ser um sonhador. Raízes duras no meu corpo e alma que me tornaram na pessoa que sou hoje e me fizeram neste dia de chá de Mel e Camomila, com 0º negativos, muita neve e uma música, perder-me em memórias de um pequeno trovador, cantando e balançando a sua cabecinha ainda mal formada mas já cheia de ideias e planos para o futuro. Planos de carreira, não de um bom trabalhador ou pai, mas sim uma pessoa que ajudasse e vive-se para ajudar os amigos, família e todos aqueles que aparecessem na minha vida.
As palavras da minha mãe, pai…
Os gestos da Natureza para comigo…
As coisas que via e não conseguia explicar…
As minhas memorias de uma cidade amarela e azul cyan…com arquitectura simples e que me empurrava para passear nela.
Faziam me acordar aos sábados de manha para ir à praça comprar amendoins e pistácios. Comprava um pão de dois dias, um pão já duro para dar aos patos que passeavam no lago do parque.
As tardes perdidas no café da D. Fernanda a ajudá-la a arrumar o café e a limpar a loiça.
As minhas terças e quintas ao final de tarde na piscina com o professor Vasconcelos a dizer:
Hey Iuuu….vamos nadar oh Tubarão!
Tantos risos inconscientes de um rapazinho que jurava a pés juntos que todo o Mundo era bom…De um Mundo que nunca na vida iria conspirar contra alguém…
Os meus desenhos em folhas de papel ajudados pela minha mãe e adormecer no colo do meu pai ao som do seu ressonar.
Os beijos na boca do meu cão “Max” e os meus desabafos com ele. Eu sabia que ele não me respondia, mas ao menos ouvia….
As minhas tentativas de fazer o pino ou a roda…falhei sempre mas a energia era tanta na minha alma que tinha que a depositar em alguma coisa. A minha viajem ao Algarve quando calhou um prémio de 100 contos à minha mãe no totoloto.
Que fortuna…
As minhas primeiras passadas na música com os ritmos básicos e tremidos com as mãos.
A minha infância vista de um rapaz agora crescido mas com sorrisos dos meus belos e velhos quadros arrumados no meu quarto cheio de pó. Um quarto que anda sempre comigo dentro da cabeça…
Um Baú desorganizado mas nunca esquecido.
As minhas memórias sem ouro e prata mas sentindo que era (e sou), o menino mais rico do mundo, onde na minha lancheira da escola levava uma sandes e uma mensagem de Paz e Amor.

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