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domingo, 17 de janeiro de 2010

Equadores Cruzados

Cruzo linhas de latitudes e longitude. Formam-me caminhos e áreas de navegação, por onde piso e coloco-os, meus pés como coloco as mãos no meu instrumento. A minha intenção de perfeccionismo é tão grande que nada disto me chega.
Quero Meridianos e Equadores com ecos de vozes do Oriente e Ocidente. Sabores das suas especiarias e cores das suas artes. Quero estar no centro disto ver e absorver. Quero abrir os olhos e desenhar constelações no céu e ao mesmo tempo acender uma fogueira, esconder a Lua e o Sol no meu bolso e deixar as estrelas brilharem à luz do fogo. Tão crescidos nos definidos e tão pequenos somos nós. Vou convidar aquele assobio do Homem à esquina do Equador, convido o frio do mendigo na ilha de Java, convido as Lágrimas do Menino que reza na Etiópia, chamo a flauta do Fugitivo da Índia, grito pelos sopros de didgeridoos do meu colega aborígene da Austrália, chamo os 7 meninos que dançam nas ruas à luz de um candeeiro fundido no Tibete, bato à porta dos capoeiristas do Brasil para que venham juntar-se a nós. Quero o som da Kora do Este Africano, e a voz da grávida do Senegal. Quero os tocadores de búzios das Américas perdidas.
Quero os Aldeões e as ervas dos seus campos das ilhas das Caraíbas para virem fazermos meditar nas suas fumaças. Abram espaço para entrarem os indígenas das Américas do Sul, as Marimbas de Moçambique. Enviei quatro cantigas ao Fogo, Água, Terra e Ar, a pedir as suas forças que nos dêem a sua riqueza e inspiração.
Fui ao céu e peguei nos trovões e algumas estrelas e coloquei-as no bolso. Roubei um enorme sino de uma Igreja, e prometi que no fim iria lá entregar. Trouxe um caldeirão de água quente, madeira e folhas secas. Trouxe chuva num copo e tempestades das regiões tropicais do Mundo. Na minha sacola atada às minhas costas meti lá os Himalaias, Kilimanjaro e os Pirenéus.
Vim ao meu centro e do nada e juntamente com os meus convidados demos as mãos. Fechamos os olhos e rezamos por todos aqueles que outrora não puderam juntar-se a nós. Aqueles que foram perdidos na fraqueza que não tiveram culpa de ser consumidos pela mesma. Aqueles que com balas foram exterminados e com facas decapitados. Aqueles queimados em pelourinhos perante a cidade. Aqueles que negaram mentir e mesmo assim foram virados contra uma parede e por Deus rezaram. Aqueles que pela liberdade perderam os pais e os filhos. Aqueles que nunca viram a Luz do dia. Aqueles que chicoteados, arrebentados, arranhados e escravizados foram e nem uma gota de lágrimas largaram. Aqueles que ate chegarem ao momento da morte bater à porta não tiraram o sorriso da cara e não deixaram a sua alma fugir. Rezamos por aquelas massas de Holocaustos e mortes. Pelas vergonhas…Pelas Sequóias abatidas, pelo Paraíso criado para nós e que reduzimos a seres de auto-destruição.
Neste espaço silenciamos as nossas vozes e deixamos as nossas almas falar como gotas caídas das pétalas das árvores da manhã. Cada respirar nosso era como um tremor de terra provocado pela patada de um elefante. O bater dos nossos corações era um só e ao som da flauta as folhas secas do chão esvoaçavam e rodopiavam ao nosso redor. Pelo efeito de borboleta, os campos de trigo e de milho libertaram as suas sementes. O fogo ateado levantou-se e semeou o calor pelos campos de notas musicais e pelas areias áridas que estavam entre os nossos dedos pés. Veio o ouro, mirra e o incenso. Veio as águas dentro dos jasmins e as cascas de cocos. Veio o Mundo e os seus habitantes. Júpiter espreitou e desceu juntamente com as suas luas e atrás dele veio o resto dos planetas.


Os mares choraram os sons das orcas enfurecidas. Nasceu das terras sopros de milagres que outrora foram enterrados com os curandeiros e os orixás. Veio à terra a genuidade de Deus sobre a forma simples de um bonsai que debruçou-se sobre nós e acariciou as nossas faces secas e velhas com as suas minúsculas folhas de Paz e Plenitude Universal. As vozes em tom de Sol vieram do mais infinito tempo corrido num relógio de areia que parou ao receber esta energia.
Quando os nossos olhos, simultaneamente se abriram, tudo isto se escondeu como se tivéssemos tocado numa simples e resplandecente anémona-do-mar. Dividimos o pão que nos foi oferecido ainda nem sei por quem, e duas dentadas apenas foram dadas por cada pessoa. Uma pela fome e outra pela Natureza. Ficamos com a paisagem a preto e branco e apenas nós éramos a cores juntamente com a nossa fogueira. Os instrumentos pararam e apenas o vento soprava tão de leve que nem mexia os nossos longos cabelos velhos e embrulhados. Parecíamos pessoas novas, pessoas acabadas de nascer.
Que Fogo, que Utopia foi viajada e criada
Sobre as Leis verdadeiras e Universais de Deus que
São julgadas por seres como nós. Seres que lançaram Daniel sobre o covil dos Leões mas ele não foi comido, pois a sua alma era Verdadeira e Pura e pelos Leões foi acariciado e Protegido. Que Fogo ardeu sobre as nossas almas?
A Fé arde nos Homens Eternamente Gloriosos.
Arcas e Conquistas de ouro querem os Colonizadores e Exploradores.
Ar e Prosperidade querem os Povos que aqui se juntaram.
Os Povos que comigo trovaram líricas de Felicidade enquanto ao Sol do meio-dia o ferro era malhado.

1 comentário:

Rita da Maçaroca disse...

Depois de ter saboreado todas as tuas palavras, nestes ultimos textos que publicaste, tenho a dizer.te, é um prazer estar presente nesta tua jornada da blogosfera e poder fruir todos os teus pensamentos :)

Adorei todos, todos sao o espelho da tua alma :)

Beijoca mano ^^